7 de abr. de 2010

Os erros de Van Gaal e de Ferguson

Antes de ir ao que é importante, algumas considerações breves sobre o clássico francês das quartas-de-final. Estou certo de que, salvo uma catástrofe, nenhum dos dois times teria passado se tivesse pego um dos outros adversários, à possível exceção do CSKA Moscou. A maior parte dos gols dos dois times se deu de forma muito estranha durante toda a competição: à exceção dos recorrentes gols de bolas paradas, muitos saíram de bolas que simplesmente sobraram para algum jogador aleatório feliz em seu posicionamento próximo do gol. Passou o Lyon, mas é indiferente, pois não irá à final em Madri.

Vamos ao título do post. Primeiro, o erro de Louis Van Gaal: seu desgosto por brasileiros. Não lhe chamo de racista, mas por algum motivo ele não gosta de brasileiros. Primeiro, dispensou Rivaldo do Barça (que depois disso não se encontrou mais no futebol, provavelmente por causa do passar dos anos) e no começo da temporada 2009-10, dispensou os zagueiros brasileiros do Bayern de Munique: Lúcio e Breno. Lúcio foi vendido à Internazionale de Milão (por ironia do destino, já que ele foi para a Europa depois de sua atuação pelo Internacional de Porto Alegre), enquanto Breno foi emprestado para um time de pouca expressão. Por outro lado, ele acertou nas contratações de Arjen Robben (cujo futebol nunca me agradou) e do sérvio Olic, que marcaram os gols da classificação hoje, contra o Manchester United, em pleno Old Trafford.

O primeiro erro de Alex Ferguson foi a covardia. No jogo da Alianz Arena, os ingleses fizeram um gol com Rooney, logo aos dois minutos, mas o escocês recuou o time, que jogou os 88 minutos restantes dependendo de Van der Sar. Sim, porque a retranca não funcionou nem um pouco, os defensores foram péssimos, e se não fosse pelo holandês, teriam sofrido mais gols. Resultado: 2 a 1 para o Bayern em Munique.

No segundo jogo do confronto, o time de Manchester ia muito bem, fez dois gols em menos de 7 minutos e parecia que o confronto caminhava para uma goleada. Nani, em grande partida ainda fez o terceiro, aos 41. Mas Olic diminuiu apenas dois minutos depois: os bávaros estavam de volta na partida. Isso não teria tido tanto impacto se os Red Devils não tivessem perdido o lateral-direito Rafael logo no começo do segundo tempo. Aposto que Van Gaal quis gritar para Ferguson: viu o que fazem os brasileiros? Rooney, que estava jogando no sacrifício, foi substituído pelo lateral-zagueiro O'Shea. Com 3 a 1 no placar, os diabos vermelhos recuaram, e os vermelhos alemães se adiantaram. Aos 72 minutos, Robben se achava sozinho na área após cobrança de escanteio, e chutou para o gol. Como alguém deixa o camisa 10 sozinho??? Falha bizarra, embora eu não saiba quem o deveria marcar.

Agora aparece o segundo erro de Ferguson: Berbatov, que entrou no lugar de Carrick. Gibson também saiu, para a entrada de Ryan Giggs. Mesmo com as mudanças, o Bayern continuou dominando. Eis o motivo pelo qual elas não surtiram efeito: Ferguson colocou um centro-avante que joga muito dentro da área quando estava com um jogador a menos. Deveria ter posto Federico Macheda, que, apesar de jovem, é um atacante que se movimenta muito mais e poderia ajudar na composição de jogadas para chegar à meta de Butt. Mas o jogador ideal mesmo foi sacado daequipe logo no começo da temporada: Carlos Tévez. No Brasil, os torcedores não hesitariam em gritar "burro, burro" para Ferguson.

Resultado final, Bayern de Munique passou pelos gols feitos fora de casa (empate por 4 a 4 no placar agregado) e enfrentará o Olympique Lyonnais nas semi-finais. Do outro lado, haverá um final antecipada entre a Internazionale de Milão e o Barcelona.

Curiosidades:
1) Exatamente como no confronto contra a Fiorentina na fase anterior do torneio, o Bayern passou com 4 a 4 no placar agregado, tendo vencido em casa por 2 a 1 e perdido fora por 3 a 2. Ainda, o gol da classificação saiu dos pés de Robben nos dois casos.
2) O Real Madrid continua sofrendo, mesmo fora da competição e os quatro times das semi-finais são a causa desse sofrimento. O Barça, seu eterno rival. A Inter, que passou com gol de seu ex-atleta Sneijder, vendido no meio de 2009. O Bayern, que passou com gol de Robben, vendido pelo Real pouco depois de Sneijder. E o Lyon, que eliminou o time da capital espanhola nas oitavas.
3) Se o Bayern passar à final, haverá o reencontro entre Van Gaal e um de seus pupilos na época de Barcelona: Pep Guardiola, treinador do Barça e José Mourinho, treinador da Inter.
4) Em apenas uma semana, o Manchester foi "eliminado" em dois torneios. Além da UCL, no Campeonato Inglês, o time perdeu em casa, por 2 a 1, para o Chelsea. Mas foi garfado, muito garfado em campo: um dos gols londrinos foi em impedimento claríssimo e ainda não foi anotado pênalti para os Devils após Malouda enfiar o braço na bola dentro da área.

Errei em apenas um dos meus prognósticos. Não poderia prever que Ferguson teria sido tão errado, nem que Rooney fosse se machucar, nem que Rafael fosse ser expulso.

A princípio, apostaria em Barça e Bayern na final, com ampla vantagem para o Barça no confronto em Madri. Lyon não deve passar, seria uma enorme surpresa ver os franceses na final. Já a Inter poderia passar graças à sabedoria de Mourinho, e se o Barça tivesse muitos desfalques importantes. Mas o Barça é mais time. E Guardiola é mais técnico.


Desconectando.

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