24 de fev. de 2010

Massa de manobra

Pensamento recorrente nas últimas semanas: porque as pessoas aceitam ser apenas peões? Não falo sobre as que são levadas a isso pela sociedade, mas das que são de pensamento livre e, ainda assim, se atrelam aos grilhões das vontades de outros. Não entendo como se resolve seguir um poder carismático. Quero dizer, acho normal que se siga um poder tradicional ou um poder burocrático. Mas seguir um poder carismático pressupõe que antes de segui-lo havia uma certa liberdade. Como alguém simplesmente resolve abdicar de si para adotar uma personalidade imposta?

Por exemplo, como alguém abdica do pensamento que uma vez foi "livre" pra adotar a ideologia de um partido? Ou então uma crença religiosa ou uma forma covarde de nacionalismo. Vou explicar melhor.

Um sacerdote não está realmente interessado na salvação de ninguém. Acreditar nesse altruísmo imenso de sacerdotes é uma ingenuidade. O sacerdote só está interessado, assim como qualquer outro, no poder que pode exercer sobre seus fiéis. Sim, há aqueles sacerdotes ingênuos que realmente crêem estar apenas interessados na salvação de seus seguidores. Mas eles mentem. Para si mesmos, inclusive.

Nenhum partido está realmente interessado no bem da nação, embora alguns de seus membros estejam. Na melhor das hipóteses, estão interessados naquilo que crêem ser o melhor para o país. Apelam constantemente à "sabedoria do povo", mas tornam esses "sábios" os vilões nacionais sempre que escolhem os partidos "errados". Tampouco os partidos estão interessados em seus militantes. Estes são apenas peões que eles manipulam, pelo menos até os militantes crescerem no partido. Mas a maior parte será sempre apenas um peão, manipulado até o último fio de cabelo. O interesse do partido são os votos. Não os eleitores, preste atenção, apenas os votos. A ideologia é apenas um detalhe. Quando o partido atinge o sucesso, até os eleitores são minimizados.

Tampouco o Nacionalismo é honesto. Os líderes nacionalistas apenas manipulam seu séquito para que realize suas vontades, seus interesses, apelando à localidade do nascimento, como se isso fizesse qualquer diferença no caráter de uma pessoa. Faz diferença na personalidade e na identidade, mas a nação não molda um caráter.

Fiz-me claro? Massa de manobra e apenas isso. A importância da maior parte das pessoas é apenas essa. Defender uma ideologia, uma crença, uma nação: é para isso que servem. São importantes conquanto sejam isso, pois não são indivíduos completos, não pensam por si, por mais que gostem de acreditar no contrário. Sei que é pedir de mais que alguém criado nesses grilhões se liberte deles, é uma tarefa árdua, dolorosa até. Mas alguém que um dia se encontrou livre deles, para quê atrelar-se a eles? Ingenuidade? Ou vontade de poder? Ou desejo de superioridade construído na própria construção da identidade?

Aprendam uma coisa: para as pessoas mentalmente normais, há apenas uma coisa mais importante que o binômio dinheiro-poder: elas mesmas. Enquanto vocês seguem fielmente a crença ou a ideologia que lhes foi proposta, as pessoas normais continuam em busca de dinheiro-poder, venha ele de onde vier. Essa busca só é posta de lado quando necessário para a própria proteção. Continuem fazendo ricos e poderosos daqueles que lhes manipulam. É assim que o mundo sobrevive.

Desconectando.

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