26 de jun. de 2010

The end of (Toy)/(Hi) Story

Acabou Toy Story. Vi agora no cinema. Como todo o fim daquilo que a gente realmente gosta, dá uma sensação de plenitude e de vazio ao mesmo tempo. É uma sensação bizarra. Como a que eu senti ao terminar o sétimo livro de Harry Potter.



As três histórias são parecidas: épicas (no sentido original da palavra), sobre a volta para o lar, com uma crise aparentemente irreversível próxima ao fim e fortemente marcadas pelo valor da amizade. Mas seus ritmos e seus processos são distintos.

Não quero contar detalhes do filme. Não há motivos para isso. Queria explicar porque Toy Story é o melhor desenho da Disney. Vou aos fatos. E às minhas interpretações sobre eles.



Primeiro: o desenho retrata com fidelidade o modo que muitos de nós imaginávamos/recordávamos de nossa infância. Eu, por exemplo, não era uma criança-video-game. Sempre preferi bonecos (figuras-de-ação!!!). Eles me libertavam da rigidez do video-game. Conforme fui crescendo, fui perdendo um pouco a imaginação e me cansando de sempre saber os resultados das minhas próprias brincadeiras. Acabei abandonando os bonecos e indo para a "imprevisibilidade" do video-game.

Segundo: o desenho não se sustenta pelas piadas, embora seja engraçado. Ele tem um objetivo, ele tenta sempre chegar a algum lugar. Não apela sexualmente em momento algum. Não precisa ir além do necessário. Entretem perfeitamente uma criança e não é entediante ou mesmo infantil para um adulto. Não peca por excessos ou faltas. Não cria ilusões sobre príncipes encantados ou mulheres puras.

Terceiro: foi um divisor de águas. O primeiro filme da Disney (e, se não me engano, da história) a usar computação gráfica (no sentido que se dá hoje). Além disso, transformou o método de se fazer histórias animadas.

Quarto. Vocês vão me chamar de lunático, paranóico, monotemático, drogado, obsessivo, subversivo e sabem vocês mais o quê. Mas não tem jeito, nada irá me tirar da cabeça a seguinte ideia: Toy Story é uma alegoria da história sócio-política do Capitalismo. E, ao que tudo indica, foi proposital. O último filme da série parece deixar isso razoavelmente claro. Além disso, também é ótimo para entender o fetichismo da mercadoria, e a alienação do trabalho no processo de produção. Não quero explicar mais/melhor aqui porque pretendo desenvolver essa ideia seriamente mais adiante. Entretanto, observadores mais astutos, com conhecimento sobre a história do Capitalismo e com alguma capacidade de interpretação/imaginação deverão perceber que eu não estou ficando doido.

Quinto e último: os três filmes, mas especialmente o final do último, se conectam à minha experiência pessoal. Isso me liga ao filme de uma maneira diversa. Tocou-me.


[Clique sobre a imagem para ampliar visualização]

Assistam o mais rápido possível.

p.s.: não vou dar detalhes sobre as minhas condições emocionais durante os filmes. Mas não, eu não chorei.

Um comentário:

  1. Eu juro que quero ler seu post, mas não vou ler até assistir o filme, quero eu ter as minhas impressões.. Já sei que foi ótimo, mas eu quero ver primeiroooo rsrsrs

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