26 de set. de 2008

Maldita memória (seletiva)

Inferno! Pensei em mil coisas pra postar aqui durante o dia. Mas acabei me esquecendo de todas elas. Não era nada de muito interessante. O que significa que não ia mudar muita coisa por aqui.

Já que estou falando da minha capacidade de recordar, acho que posso manter-me nesse assunto. Eu esqueço. Sim, sou capaz de esquecer e perdoar. O que esqueço, entretanto, nunca é ruim. Só me esqueço do que foi bom. Esqueço-me da sua amizade. Dos dias incontáveis que partilhamos. Esqueço-me do cheiro da casa da vó. Esqueço-me da atenção que me davam e do interesse que demonstravam por mim. Esqueço-me dos cafés da manhã. E dos filmes da sessão da tarde. E dos doces que não fabricam mais. Em geral, esqueço as coisas comuns, triviais, mas agradáveis. Por Deus, não estou nem perto de ficar velho!

Mas há coisas de que me lembro. O tempo todo.

Lembro-me de ter sido o último. Sua última opção. Lembro-me das nossas brigas. Das vezes que não brigamos, mas que nos magoamos mais do que se tivéssemos brigado. Lembro-me da solidão. De dezembro. De janeiro. E de fevereiro. Dos meses que passei absolutamente só, tentando me enturmar e me acostumar. E lembro-me de não ter recebido uma ligação. Lembro-me do abandono. Lembro-me da rejeição. Lembro-me da exclusão. E do escárnio. Lembro-me das fugas - tanto as minhas como as de mim. Lembro-me das músicas ruins. E da minha arrogância, e da minha prepotência. E da minha insegurança. E das mentiras. E das ilusões. Lembro-me de ter sido usado. E das falsas esperanças, todas em vão. Lembro-me das oportunidades perdidas (inclusive aquela sob a chuva) e de todas as que nem ao menos tive (inclusive aquela sob o sol).

Mas só agora percebo que me lembro de tudo o que ficou e que me esqueci de tudo o que se foi.
E então percebo que acabo de estabelecer nova marca-recorde no quesito "post mais deprimente".

Ah, lembrei o que queria postar. Mas vou esperar um pouco mais.


Desconectando.

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